Hoje estou aqui sentando, tentando saber se eu tenho certeza
disto, mas adivinha? Não tenho, nunca tive, não ia ser agora que eu iria ter a
famosa “certeza”. E é por isso que eu tenho de ir, porque infelizmente, se eu
fosse o pássaro certo para você voar, lado a lado, eu e você já estaríamos lá
em cima, perto do sol e não aqui, pairando quase que se arrastando pelo chão,
apenas de asas abertas, fingindo que voamos.
É clichê, mas a culpa não é sua, essa é você, sempre será e
por favor, não mude! Eu realmente gostei de você, acredito que até ainda goste,
afinal, você sempre foi uma pessoa encantadora. Mas creio que eu não aprendia a
voar com você, eu sempre te admirei, você voava tão bela, sempre com o bico
para cima, como quem tinha certeza de onde estava. Quando humana então, fala do
que for, parece genial, podemos falar da teoria do jogo do copo que ainda sim,
sairá da sua boca as mais lindas palavras.
Eu sei, vou te deixar com a sensação de mais um que lhe
abandona e isso me doí muito! Talvez seja a coisa que mais vem apertando o meu
coração. Volta e meia eu até penso em desistir de tudo, pois eu lembro daqueles dias em
que o sol batia forte no nosso rosto e fechávamos os olhos sorrindo um para o
outro, sabendo que mesmo com os olhinhos fechados, o outro estava na sorrindo
de volta.
Mas sem perceber, eu já venho te abandonando muito, não consigo mais
ser aquele cara que te dava a mão e você tinha aquela certeza de que o mundo
tinha acabado de começar. Talvez você tenha se enganado muito, eu não sou o
cara da sua vida, estou longe disso, esse cara ainda está por ai, procurando desesperadamente
você e eu não posso te segurar, se não, esse cara nunca vai te achar. Eu gosto
muito de você, preciso mais do que tudo ir embora e ver que alguém vai te jogar
para cima, que vai te mostrar o céu e o sol vai ficar tão próximo, que você vai
perceber: é esse.
Alias, você percebeu né? Mais um ponto para você.
Sim, outro pássaro.
A pergunta é: como você pode perceber? Eu sempre fui tão
discreto, nunca demonstrei muitos olhares, eu sempre evitava olhar. Tentei sim olhar para outras e no começo funcionou. Mas no
último ano tem sido muito difícil, eu estou sentindo o calor mais do que nunca, aquele que eu sempre evite, o calor que muitas vezes preferi passar para outros do que correr o risco de destruir, afinal, todo ser humano precisa do seu próprio calor,
parece que eu achei o meu, espero que eu consiga um pote bem bonito para não
deixar ele fugir.
Me perdoa
Me desculpa
Eu sei que no começo você vai me odiar, já senti isto e juro que passa! No fim, eu sei que você vai me perdoar, vai dar aquele sorriso de canto e sentir uma nostalgia gostosa, lembrando de como foram bons aqueles tempos e como no fundo, bem no fundo, sabíamos que não era para durar, era apenas para aproveitar enquanto existia, fomos sortudos. Muito obrigado por todos os quase voos, por todos sorrisos, por todos casacos para fingirmos que era o calor, obrigado.
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